Segunda parte da entrevista realizada com o presidente do Conselho de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, 1ª Região.
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ANUALMENTE AUMENTA-SE A OFERTA DE PROFISSIONAIS DE
FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL NO MERCADO DE TRABALHO DO BRASIL, MUITO
DISSO SE DÁ PELA CRESCENTE ABERTURA DE NOVAS FACULDADES, MUITAS VEZES COM POUCA
QUALIDADE NO ENSINO, SE TORNANDO MERAS “FÁBRICAS DE DIPLOMA”. O MEC CRIOU O
ENAD COMO FERRAMENTA PARA ANALISAR E QUALIFICAR ESSAS INSTITUIÇÕES. HOJE EXISTE
UM DEBATE NO MEIO ACADÊMICO VISANDO A CRIAÇÃO DE UMA NOVA FERRAMENTA ESTILO OAB
PARA SELECIONAR OS “BONS E MAUS” PROFISSIONAIS DO MERCADO E CONSEQUENTEMENTE,
LIMITAR A ABERTURA DE NOVAS IES. QUAL A OPINIÃO DO SENHOR À RESPEITO DO SISTEMA
EDUCACIONAL ATUAL, LEVANDO-SE EM CONSIDERAÇÃO OS CURSOS DE FISIOTERAPIA E
TERAPIA OCUPACIONAL E A RELAÇÃO COM O MERCADO DE TRABALHO DESSAS PROFISSÕES?
Realmente houve no Brasil um aumento
significativo de escolas de nível superior de Fisioterapia, enquanto que a
Terapia ocupacional vem numa via contraria; há uma carência de T.Os, estamos em
campanhas para abrir cursos na Universidades Federais.
A abertura de IES de Fisioterapia nunca
passou pelos Conselhos, isso porque quem abre os novos cursos é o MEC.
Entretanto, no ano passado, por aprovação de uma lei que entra em vigor neste
ano, o MEC fará uma consulta ao Conselho Federal de cada profissão, mas será
apenas uma consulta, mesmo o Conselho se colocando contra, o MEC poderá abrir.
É importante que esse parecer, embora consultivo, seja trazido para o Conselho
Regional, pois quem melhor sabe da condição e da necessidade local é o
regional. Diante disso, pedimos que a Comissão de educação também crie uma
oportunidade para que o Conselho regional se pronuncie sobre essa abertura,
pois queremos participar dessa decisão.
Quanto à prova de proficiência que OAB
possui, existe um projeto de lei que possibilita essa mesma iniciativa em
outras profissões, mas as leis brasileiras não permitem essa prática; a OAB só
possui porque na época a lei permitia. Porém nos temos outras formas de
trabalhar a qualidade do profissional, uma delas é através do título de especialista;
o sistema COFFITO/CREFITOs farão a prova em todo o Brasil, ao contrário de
antigamente onde cada sociedade de especialistas aplicava a sua própria prova; aqui
na PB será realizada em João Pessoa e Campina Grande. Essa prova amanhã será uma
determinante na qualidade do ensino. Hoje a lei que regulamenta a presença do fisioterapeuta
em UTI diz que toda equipe deverá ter um coordenador técnico e este deverá ser
especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória. Importante lembrar que são muitos
profissionais e temos que lutar para que abram mais postos de trabalho, só em
PE serão necessários cerca 400 profissionais. Se tivermos outras áreas com essa
obrigatoriedade do fisioterapeuta, nos teremos novas áreas de trabalho e o
mercado irá suportar esse novo número. Fora isso, é importante que cada
profissional se qualifique mais, pois se iniciou uma guerra proporcionada pelo
MEC a partir da abertura de novas faculdades e o próprio mercado de trabalho
irá excluir os profissionais sem qualidade e selecionar os mais preparados.
SOBRE
OS VÁRIOS ABUSOS COMETIDOS NOS ÚLTIMOS TEMPOS PELOS PLANOS E CONVÊNIOS DE
SAÚDE, MUITAS VEZES REPASSANDO VALORES IRRISÓRIOS PARA OS ATENDIMENTOS DOS
PROFISSIONAIS. O QUE O CONSELHO PLANEJA FAZER PARA QUE ESSA SITUAÇÃO SEJA
SANADA?
Primeiro, o Conselho não trabalha na
regulamentação nem na negociação desses repasses, porém o CREFITO tem a função
de estimular a abertura de entidades para a proteção e para uma oferta de profissão
de qualidade. Vem acontecendo no Brasil inteiro a criação de Associações de empreendedores
em Fisioterapia e essas entidades tem condições de discutir com os planos e convênios.
Ao Conselho cabe sim a função de fazer cumprir a tabela de honorários, para
isso, a Comissão de honorários está trabalhando para implementação da tabela
nesse sentido, inclusive da Resolução 387 deste ano, fiscalizando o exercício da
mesma e punindo os profissionais que estiverem praticando preço inferior.
Estaremos juntos com as clínicas de Fisioterapia e Terapia Ocupacional e com os
sindicatos e associações de empresários para que eles negociem e repassem os
melhores salários aos seus profissionais.
MUITAS VEZES, PELA PRÓPRIA CONDIÇÃO IMPOSTA PELO
MERCADO DE TRABALHO, ALGUNS FISIOTERAPEUTAS SE VEÊM NA OBRIGAÇÃO DE REALIZAREM
UM ATENDIMENTO POR PRODUÇÃO E MUITAS VEZES ESSE ATENDIMENTO TORNA-SE DE POUCA
QUALIDADE. SABEMOS É INVIÁVEL HAVER UMA FISCALIZAÇÃO EM TODOS OS SERVIÇOS DE
FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL, MAS O SENHOR ENXERGA ALGUMA MANEIRA DE
BARRAR ESSA QUEDA NA QUALIDADE DOS SERVIÇOS?
Realmente isso foi uma cascata, quando
os planos de saúde começaram a pagar muito pouco, o empresário, dono de
clínica, para se manter no mercado, começou a trocar a qualidade pela
quantidade, e isso foi ruim para a Fisioterapia pois o tratamento deveria ser
feito em escala, sem personalização fazendo com que o paciente saísse sem
nenhuma melhora, por essa razão, hoje temos uma população que parte dela desacredita
na Fisioterapia.
Nós temos que resgatar esse crédito da
população pois acima de tudo temos uma profissão que se impõe, e sabemos que
resolve o problema do paciente nas mais diversas áreas. Para isso temos feito um
programa de resgate da auto-estima do profissional, sendo necessário que os sindicatos
e associações também entrem nessa briga para buscar melhorar o piso salarial e
os repasses dos planos de saúde para que o profissional possa ofertar um
atendimento de qualidade. Se hoje tenho um fisioterapeuta que atende 35, 40 pacientes
dentro do serviço, se ele tiver uma remuneração melhor ele vai poder fazer 6 ou
8 atendimentos naquele mesmo turno
possibilitando maior qualidade ao paciente, fazendo com que o objetivo primordial
da Fisioterapia seja cumprido, que é a melhora de saúde e da oferta de saúde ao
paciente; para isso é necessário toda uma campanha para a valorização a começar por cada profissional. Aquele que
se vende por uma sessão abaixo do valor ínfimo (salvo exceções prescritas no
código de ética), ele não é digno da profissão que tem, ele é indigno de
permanecer na Fisioterapia. Ele está prostituindo o mercado, este é o termo; e
esse profissional com o tempo será esquecido do mercado. Ele tem que entender
que o bem maior que está em sua mão é a vida do paciente e não pode ser tão
barata assim.
CONTINUA
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