terça-feira, 1 de novembro de 2011

Entrevista com o Presidente do CREFITO 1 - Parte II



Segunda parte da entrevista realizada com o presidente do Conselho de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, 1ª Região. 
Perdeu a primeira parte? Clique aqui e veja!


ANUALMENTE AUMENTA-SE A OFERTA DE PROFISSIONAIS DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL NO MERCADO DE TRABALHO DO BRASIL, MUITO DISSO SE DÁ PELA CRESCENTE ABERTURA DE NOVAS FACULDADES, MUITAS VEZES COM POUCA QUALIDADE NO ENSINO, SE TORNANDO MERAS “FÁBRICAS DE DIPLOMA”. O MEC CRIOU O ENAD COMO FERRAMENTA PARA ANALISAR E QUALIFICAR ESSAS INSTITUIÇÕES. HOJE EXISTE UM DEBATE NO MEIO ACADÊMICO VISANDO A CRIAÇÃO DE UMA NOVA FERRAMENTA ESTILO OAB PARA SELECIONAR OS “BONS E MAUS” PROFISSIONAIS DO MERCADO E CONSEQUENTEMENTE, LIMITAR A ABERTURA DE NOVAS IES. QUAL A OPINIÃO DO SENHOR À RESPEITO DO SISTEMA EDUCACIONAL ATUAL, LEVANDO-SE EM CONSIDERAÇÃO OS CURSOS DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL E A RELAÇÃO COM O MERCADO DE TRABALHO DESSAS PROFISSÕES?

Realmente houve no Brasil um aumento significativo de escolas de nível superior de Fisioterapia, enquanto que a Terapia ocupacional vem numa via contraria; há uma carência de T.Os, estamos em campanhas para abrir cursos na Universidades Federais.

A abertura de IES de Fisioterapia nunca passou pelos Conselhos, isso porque quem abre os novos cursos é o MEC. Entretanto, no ano passado, por aprovação de uma lei que entra em vigor neste ano, o MEC fará uma consulta ao Conselho Federal de cada profissão, mas será apenas uma consulta, mesmo o Conselho se colocando contra, o MEC poderá abrir. É importante que esse parecer, embora consultivo, seja trazido para o Conselho Regional, pois quem melhor sabe da condição e da necessidade local é o regional. Diante disso, pedimos que a Comissão de educação também crie uma oportunidade para que o Conselho regional se pronuncie sobre essa abertura, pois queremos participar dessa decisão.

Quanto à prova de proficiência que OAB possui, existe um projeto de lei que possibilita essa mesma iniciativa em outras profissões, mas as leis brasileiras não permitem essa prática; a OAB só possui porque na época a lei permitia. Porém nos temos outras formas de trabalhar a qualidade do profissional, uma delas é através do título de especialista; o sistema COFFITO/CREFITOs farão a prova em todo o Brasil, ao contrário de antigamente onde cada sociedade de especialistas aplicava a sua própria prova; aqui na PB será realizada em João Pessoa e Campina Grande. Essa prova amanhã será uma determinante na qualidade do ensino. Hoje a lei que regulamenta a presença do fisioterapeuta em UTI diz que toda equipe deverá ter um coordenador técnico e este deverá ser especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória. Importante lembrar que são muitos profissionais e temos que lutar para que abram mais postos de trabalho, só em PE serão necessários cerca 400 profissionais. Se tivermos outras áreas com essa obrigatoriedade do fisioterapeuta, nos teremos novas áreas de trabalho e o mercado irá suportar esse novo número. Fora isso, é importante que cada profissional se qualifique mais, pois se iniciou uma guerra proporcionada pelo MEC a partir da abertura de novas faculdades e o próprio mercado de trabalho irá excluir os profissionais sem qualidade e selecionar os mais preparados.

SOBRE OS VÁRIOS ABUSOS COMETIDOS NOS ÚLTIMOS TEMPOS PELOS PLANOS E CONVÊNIOS DE SAÚDE, MUITAS VEZES REPASSANDO VALORES IRRISÓRIOS PARA OS ATENDIMENTOS DOS PROFISSIONAIS. O QUE O CONSELHO PLANEJA FAZER PARA QUE ESSA SITUAÇÃO SEJA SANADA?

Primeiro, o Conselho não trabalha na regulamentação nem na negociação desses repasses, porém o CREFITO tem a função de estimular a abertura de entidades para a proteção e para uma oferta de profissão de qualidade. Vem acontecendo no Brasil inteiro a criação de Associações de empreendedores em Fisioterapia e essas entidades tem condições de discutir com os planos e convênios. Ao Conselho cabe sim a função de fazer cumprir a tabela de honorários, para isso, a Comissão de honorários está trabalhando para implementação da tabela nesse sentido, inclusive da Resolução 387 deste ano, fiscalizando o exercício da mesma e punindo os profissionais que estiverem praticando preço inferior. Estaremos juntos com as clínicas de Fisioterapia e Terapia Ocupacional e com os sindicatos e associações de empresários para que eles negociem e repassem os melhores salários aos seus profissionais.

MUITAS VEZES, PELA PRÓPRIA CONDIÇÃO IMPOSTA PELO MERCADO DE TRABALHO, ALGUNS FISIOTERAPEUTAS SE VEÊM NA OBRIGAÇÃO DE REALIZAREM UM ATENDIMENTO POR PRODUÇÃO E MUITAS VEZES ESSE ATENDIMENTO TORNA-SE DE POUCA QUALIDADE. SABEMOS É INVIÁVEL HAVER UMA FISCALIZAÇÃO EM TODOS OS SERVIÇOS DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL, MAS O SENHOR ENXERGA ALGUMA MANEIRA DE BARRAR ESSA QUEDA NA QUALIDADE DOS SERVIÇOS?

Realmente isso foi uma cascata, quando os planos de saúde começaram a pagar muito pouco, o empresário, dono de clínica, para se manter no mercado, começou a trocar a qualidade pela quantidade, e isso foi ruim para a Fisioterapia pois o tratamento deveria ser feito em escala, sem personalização fazendo com que o paciente saísse sem nenhuma melhora, por essa razão, hoje temos uma população que parte dela desacredita na Fisioterapia.

Nós temos que resgatar esse crédito da população pois acima de tudo temos uma profissão que se impõe, e sabemos que resolve o problema do paciente nas mais diversas áreas. Para isso temos feito um programa de resgate da auto-estima do profissional, sendo necessário que os sindicatos e associações também entrem nessa briga para buscar melhorar o piso salarial e os repasses dos planos de saúde para que o profissional possa ofertar um atendimento de qualidade. Se hoje tenho um fisioterapeuta que atende 35, 40 pacientes dentro do serviço, se ele tiver uma remuneração melhor ele vai poder fazer 6 ou 8 atendimentos naquele mesmo turno  possibilitando maior qualidade ao paciente, fazendo com que o objetivo primordial da Fisioterapia seja cumprido, que é a melhora de saúde e da oferta de saúde ao paciente; para isso é necessário toda uma campanha para a valorização  a começar por cada profissional. Aquele que se vende por uma sessão abaixo do valor ínfimo (salvo exceções prescritas no código de ética), ele não é digno da profissão que tem, ele é indigno de permanecer na Fisioterapia. Ele está prostituindo o mercado, este é o termo; e esse profissional com o tempo será esquecido do mercado. Ele tem que entender que o bem maior que está em sua mão é a vida do paciente e não pode ser tão barata assim.


CONTINUA

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João Pessoa, Paraíba, Brazil
Mestre em Fisioterapia pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE; Especialista em Fisioterapia Cardiorespiratoria; Graduado pelo Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ. Atualmente é professor universitário, foi fisioterapeuta do Centro de Reabilitação da cidade de Araruna - PB e é Delegado do Conselho de Fisioterapia e Terapia Ocupacional - Regional 1 na Paraíba. Trabalhou no Núcleo de Acolhida Especial do estado da Paraíba pela SEDH e foi pesquisador voluntário de grupos de pesquisa e estudos em saúde na Universidade Federal da Paraíba - UFPB.

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