terça-feira, 16 de agosto de 2011

O papel da Fisioterapia na luta contra o câncer




Há alguns anos, a principal preocupação da equipe médica em relação ao câncer era a sobrevivência dos pacientes. Atualmente, o foco do tratamento mudou, passando a ser principalmente a qualidade de vida que ele vai ter durante e após o tratamento oncológico.
Em todos estes pacientes, o câncer e sua intervenção terapêutica necessária muitas vezes produzem significativa perda funcional permanente ou a longo prazo, requerendo reabilitação para retorno do indivíduo à independência funcional e para melhorar a sua qualidade de vida.
A fisioterapia oncológica é um dos procedimentos que estão sendo adotados nesse sentido, tanto após uma cirurgia de câncer como também durante todo o tratamento. Esse recurso pode ser utilizado em todos os casos, como nos de câncer de mama, tumores de cabeça e pescoço, além dos relacionados ao sistema músculo-esquelético.
A fisioterapia em oncologia é uma especialidade que tem como objetivo preservar, manter, desenvolver e restaurar a integridade cinético-funcional de órgãos e sistemas do paciente, assim como prevenir os distúrbios causados pelo tratamento oncológico.
Muitas vezes, a fisioterapia começa no período pré-operatório. O cirurgião encaminha o paciente ao fisioterapeuta especializado para que seja feita uma preparação pulmonar, o que vai facilitar no transcorrer da recuperação pós-cirúrgica. Esse tipo de procedimento pode ocorrer, por exemplo, nos casos de tumores de cabeça e pescoço, pulmão, cirurgia abdominal alta e em pacientes com idade avançada ou ainda com história de tabagismo e sobrepeso, fatores que aumentam o risco pós-operatório.
A Fisioterapia pode ser fundamental no tratamento do paciente com diagnóstico de câncer ao oferecer acompanhamento às diversas alterações que podem ocorrer, mesmo diante de muitos comprometimentos que se apresentam, como: edema de membros, alterações musculares, constipação, alterações neurológicas, alterações respiratórias, dores musculares por disfunções posturais, dores teciduais e cicatriciais e dores tendinosas e articulares, alterações ósseas, alterações circulatórias (flebites, linfangites, alterações linfáticas), alterações vasculares em membro superior após aplicação da quimioterapia.
Fisioterapia em oncologia é uma especialidade da fisioterapia. Assim, o foco do tratamento do paciente com câncer deixa de ser somente a cura e controle da doença, e passa a participa ativamente da manutenção da qualidade de vida do doente, tanto no pré, durante, como no pós-operatório e nos tratamentos de quimioterapia e radioterapia.
O tratamento fisioterapêutico nas fases de quimioterapia e radioterapia em geral é feito nos casos dos tumores de cabeça e pescoço, nos quais a pessoa passa a respirar por um orifício no qual o ar não é previamente filtrado nem aquecido, o que causa o acúmulo de secreção e conseqüente dificuldade do paciente expectorar. Nessa situação, a fisioterapia tem o objetivo de melhorar a condição funcional respiratória e evitar distúrbios pulmonares como, por exemplo, pneumonias.
No caso do câncer de mama, o grande problema é o esvaziamento ganglionar, ou seja, a retirada dos gânglios linfáticos existentes na axila. Isso dificulta na movimentação do braço, principalmente nos movimentos de abertura lateral. O tratamento auxilia na recuperação e na prevenção dos distúrbios linfáticos.
Dentre os procedimentos fisioterapêuticos que podem ser empregados na Fisioterapia Oncológica, destacamos: a drenagem linfática manual, exercícios ativos, passivos, alongamentos e resistidos conforme cada alteração muscular que se apresenta, exercícios respiratórios para melhor funcionamento diafragmático, pulmonar e higiene bronquica, treino de marcha, equilíbrio e para outras disfunções neurológicas, reeducação postural (método de cadeias musculares), orientações a familiares e cuidadores, readaptação domiciliar com o intuito de facilitar o deslocamento, readaptação ocupacional, caso haja necessidade.
As indicações para assistência fisioterapêutica são determinadas pelas disfunções causadas pelo tumor no paciente, assim como pelos tipos de tratamento adotados.
Diversos tipos de quimioterápicos podem causar neuropatias periféricas, fibrose pulmonar e miocardiopatias. O uso prolongado de corticóides pode resultar em quadros de miopatia e osteoporose.
A cirurgia visa não apenas a remoção do tumor, mas também dos tecidos sadios adjacentes, a fim de evitar a permanência de doença residual macro ou microscópica. Tal fato acarreta seqüelas sensitivas, motoras, vasculares e respiratórias, dependendo da área afetada.
A assistência fisioterapêutica ao paciente oncológico tem início no pré-operatório, visando o preparo para o procedimento e redução de complicações. Durante o período de internação o enfoque é global, prevenindo, minimizando e tratando complicações respiratórias, motoras e circulatórias. A dor é uma das principais e mais freqüentes queixas do paciente oncológico, devendo por isto ser valorizada, controlada e tratada em todas as etapas da doença. As diversas técnicas para analgesia são um ponto forte da Fisioterapia em Oncologia.
A fisioterapia tem uma atuação fundamental dentro da oncologia. A preocupação dela não é focal, mas sistêmica. Ou seja, não se preocupa apenas com o local afetado pelo câncer, mas com a repercussão do problema em todo o organismo da pessoa, além da sua auto-estima e qualidade de vida.

O principal objetivo da fisioterapia em oncológia é mostrar ao paciente a necessidade de retomar as atividades diárias dando-lhes as melhores condições para isto, assim proporcionando-lhes qualidade de vida, independente de tratamento ou sequelas.

Dra. Kellem Juliana dos Santos Catão
Fisioterapeuta especializada em oncologia.

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João Pessoa, Paraíba, Brazil
Mestre em Fisioterapia pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE; Especialista em Fisioterapia Cardiorespiratoria; Graduado pelo Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ. Atualmente é professor universitário, foi fisioterapeuta do Centro de Reabilitação da cidade de Araruna - PB e é Delegado do Conselho de Fisioterapia e Terapia Ocupacional - Regional 1 na Paraíba. Trabalhou no Núcleo de Acolhida Especial do estado da Paraíba pela SEDH e foi pesquisador voluntário de grupos de pesquisa e estudos em saúde na Universidade Federal da Paraíba - UFPB.

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