Nos últimos anos temos visto a evolução do Brasil no que
diz respeito aos programas de assistência à saúde. Está havendo um grande
investimento nesse aspecto, visando a ampliação do atendimento do Sistema Único
de Saúde (SUS) para a população. Além disso, o governo federal tem procurado
adaptar os novos programas às diversas realidades regionais existentes em nosso
país, principalmente estimulando a participação comunitária e que os
profissionais estejam cada vez mais envolvidos na comunidade, participando como
coadjuvantes e co-resonsáveis no processo de saúde-doença daquela população.
Por essa razão, tem-se buscado um novo perfil de
profissional de saúde, deixando de lado a hierarquização e o conhecimento
médico-científico verticalizado, e passando a obtenção de um novo paradigma,
onde os profissionais estão mais envolvidos e atuantes na comunidade, visando
não apenas o tratamento paliativo, mas sim a prevenção, considerando as várias
culturas e realidades regionais. Será que nós fisioterapeutas estamos
preparados para esse novo momento? Será que a nossa formação acadêmica nos
permite vivenciar essa realidade? E a tecnologia, agrega ou atrapalha essa nova
concepção social?
O intuito da formação da Fisioterapia é formar um
profissional generalista que veja o paciente como um todo e não segmentado ou
especializado em uma única área. Este é um diferencial da nossa profissão e
deve ser explorado e exigido do acadêmico cada vez mais, tendo a sua formação
voltada para a realidade, seja desde o atendimento ao SUS até em clinicas
particulares, trazendo sempre em mente, a equidade, responsabilidade e ética ao
tratamento do paciente.
O governo tem buscado alcançar novos patamares no que diz
respeito à tecnologia aplicada à saúde, entretanto, este ainda é uma questão
limitada a grandes centros de pesquisa, principalmente das regiões sul e
sudeste. Entretanto, a tendência é que aja uma ampliação nesse segmento,
fazendo com que as inovações tecnológicas cheguem às outras regiões. E isso já
vem ocorrendo em algumas universidades do Nordeste, que, por meio de projetos
de pesquisa, investem em tecnologia.
De toda forma, sabemos que a área da saúde está em
constante renovação e isso exige que, além da formação generalista, o
profissional venha a ser inovador, de forma que ele busque a novidade dentro
daquela realidade, e para que isso aconteça é necessário que ele tenha fome de
conhecimento, curiosidade pela pesquisa e acima de tudo pela descoberta de
novos métodos e/ou técnicas que venha a beneficiar os pacientes sem os
extrapolar os limites da realidade vivenciada.
A cada dia se descobre algo novo, pesquisas surgem,
equipamentos mais avançados, medicamentos e técnicas cirúrgicas evoluem. Isto
exige uma abordagem diferenciada dos profissionais e uma constante atualização,
que devem ser despertada ainda na faculdade. Por isso, o acadêmico deve ser incentivado
pelos seus professores a ter uma visão crítica e renovadora sempre com base
cientifica, para que esta ciência cresça e conseqüentemente essas inovações
venham a trazer benefícios para a Fisioterapia.
Atualmente os programas de ensino contemplam muitas
patologias e formas de tratá-las, deixando muitas vezes de lado a prevenção. Esse
tipo de formação focada na doença não está adequada à nossa realidade. O nosso
país está voltando-se cada vez mais para o aspecto preventivo. Temos uma
população que está envelhecendo e que precisa de uma atenção do ponto de vista
preventivo para que inúmeras doenças não venham a acometê-la. É fundamental que
o profissional de saúde enxergue e saiba atuar nessa situação, mas para que
isso ocorra, a universidade deve ser o ponto de partida para a conscientização.
É importante ressaltar que apesar de todos os avanços
tecnológicos somos fisioterapeutas, e que o toque e o contato com o paciente é
a nossa característica fundamental. Como citado anteriormente, é importante que
o Fisioterapeuta cresça com a tecnologia e com as inovações, porém não podemos
ficar refens delas. Os avanços da ciência não devem substituir nossa avaliação,
anamnese e o contato com o nosso paciente, os quais são importantes aliados no crescimento
da nossa profissão.
Com o futuro da profissão novas técnicas surgirão, de
modo que cada fisioterapeuta terá que estar preparado para esse novo momento,
por isso se torna fundamental a capacitação profissional e ter sempre a visão
global do paciente. A Fisioterapia está caminhando a passos largos, porém seguros
na conquista do seu espaço dentro da área da saúde.
A tendência é de crescimento da profissão movida pela
procura do profissional fisioterapeuta. Se estivermos conscientes do nosso
papel e focados em nosso trabalho, dignificando e fazendo valer a nossa
ciência, certamente teremos um futuro produtivo e repleto de novidades. A nós,
cabe também pesquisar e buscar enaltecer a Fisioterapia por meio da comprovação
científica, constatando a eficácia e a eficiência da nossa profissão. Em poucas
palavras podemos dizer que o futuro cabe a você, lutar pelo reconhecimento e
acima de tudo pela valorização, renovando-se sempre e fazendo da ciência e da
tecnologia parceiras na evolução e no crescimento da profissão. Esse é o
caminho da Fisioterapia, a união e a dedicação serão as guias nessa caminhada
rumo ao futuro. Nosso trabalho é tão digno e valoroso quanto qualquer outro,
basta só enxergarmos isso e fazer valer todo nosso potencial. De uma coisa
tenho certeza: o futuro não depende de ninguém além de nós!
Luan César Ferreira Simões
Fisioterapeuta
Graduado em Fisioterapia pelo Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ
Mestrando em Fisioterapia pela UFPE
Atua em empresa de Fisioterapia Domiciliar
Dr. Fabricio Lopes Conduta
Fisioterapeuta
Especialista em Fisioterapia Hospitalar
Membro efetivo da Liga sem Dor de Curitiba
Associado a Neurotrauma Brasil
Integrante da Neurorede (Rede Social Colaboratica de Neurociências)
Presidente da Sociedade de Fisioterapia Hospitalar