O ensino
superior no Brasil passou e passa por uma série de dificuldades, hoje temos um
dos piores sistemas de ensino universitário do mundo, com uma constante
ampliação do acesso ao custo da diminuição do padrão de qualidade.
As grandes diferenças regionais, a pressão por um aumento no
numero de vagas, a contribuição para o desenvolvimento tecnológico e inovação,
a necessidade de expansão e atualização da pesquisa, a elevação dos padrões de
qualidade, os custos elevados e a conquista da autonomia
didático-administrativa e financeira são suficientes para dar uma ideia das
dificuldades que precisam ser enfrentadas em curto prazo se se quiser evitar
uma decadência da educação superior no Brasil.
A
perda da autonomia didático-administrativa e financeira é a primeira grande
dificuldade das universidades públicas brasileiras, atualmente essas
instituições têm seus currículos e práticas submissos às empresas privadas e ao
estado. Com as parcerias público-privadas se acentua a perda da paridade, isonomia
entre docentes e amplia-se a influência do capital em ditar os rumos de
pesquisas, currículos, projetos e programas no interior da universidade. Não se
pode deixar de falar sobre a perda da autonomia de gestão, ou seja, quem
determina o que deve ocorrer em termos de contratação de pessoal, patrimônio e
diretrizes curriculares são os poderes executivo e legislativo, o que significa
submissão das universidades as politicas e programas do governo.
O
ensino superior brasileiro enfrenta ainda dificuldades em decorrência das
péssimas condições do ensino básico que dificulta o letramento dos estudantes.
Muitos chegam à universidade com sérias dificuldades e lacunas de
conhecimentos, habilidades e competências. Outro problema a ser enfrentado por
essas instituições é que o Brasil é um país de grandes contrastes
sócio-econômicos e culturais e as universidades precisam se preparar para a
chegada dos filhos da classe trabalhadora com limites teóricos determinados
pela condição concreta de vida e pela pobreza cultural em que muitas famílias
vivem sem acesso aos bens culturais.
Outra
dificuldade é a realidade enfrentada pelos docentes do ensino superior, com
salários ruins, sem condições dignas de trabalho e uma constante ameaça da
perda do regime jurídico único para contratação. Os professores universitários
que quando contratados deveriam exercer a docência nos três níveis ensino,
pesquisa e extensão, passam a se dedicar exclusivamente à pesquisa devido aos
benefícios financeiros e ao maior apoio por parte do capital privado. Já os
técnico-administrativos assistem seus postos de serviço desaparecendo, sendo
suas funções terceirizadas, substituídas pelas fundações e outras empresas
prestadoras de serviço.
Na
tentativa de solucionar esses problemas o governo lançou mão de políticas
compensatórias, como a política de cotas, reserva de vagas, educação à
distância, além de programas como o Prouni e o Fies na tentativa de inserir os
estudantes das classes mais pobres no ensino superior privado. Essas são as
chamadas políticas de alivio da pobreza, servindo apenas para esconder o
problema real, sem resolver de vez a questão.
Os
problemas enfrentados pelo ensino superior no Brasil na verdade são problemas
da sociedade em geral e não apenas dos governantes, portanto, faz-se necessário
uma ação conjunta da sociedade e do governo na busca por soluções viáveis para
resolver não só o problema do ensino superior, mas sim da educação brasileira de
uma maneira geral.
Fisioterapeuta
Natal, RN
Graduada em Fisioterapia pela Faculdade de Ciências Médicas de Campina Grande - PB,
Especialista em Fisioterapia Traumato-ortopédica pela Universidade Gama Filho,
Cursando especialização em neuroreabilitação pela UFRN.
Atua como fisioterapeuta dermato-funcional e realiza atendimento domiciliar.
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