Muito se fala sobre a relação de qualidade entre
instituições de ensino superiores privadas e públicas. A qualidade é um
parâmetro extremamente relativo, o que devemos considerar: uma infraestrutura
excepcional ou um corpo docente composto quase que totalmente por mestres e
doutores? Esse é apenas um exemplo (na maioria das vezes) das diferenças entre
as IES privadas e públicas, respectivamente. É certo que sozinhas (a
infraestrutura e o copo docente) não serão capazes de transformar alunos em
futuros profissionais de sucesso, mas cada uma delas possuem um peso importante
na formação profissional.
É importante ressaltar que existem vários profissionais
de renome formados em instituições públicas e privadas, isso só reafirma que todos
os profissionais formados têm as mesmas chances no mercado de trabalho,
independentemente de onde sua formação ocorreu.
Poderemos considerar como um ponto polêmico o
desenfreado crescimento de IES privadas ofertando cursos de saúde por
mensalidades baixas. É de se questionar se este tipo de faculdade estará
preparada para oferecer um ensino, serviço e infraestrutura condizente com as exigências
do curso da área da saúde. O curso de Fisioterapia, por exemplo, é um dos quais
se exige maior infraestrutura para a sua realização, visto que necessitamos de
laboratórios, clínica-escola com ginásios para exercícios e piscina aquecida,
equipamentos sofisticados para o atendimento fisioterapêutico e ainda, muitas
vezes, de um hospital-escola para a prática nos vários setores do mesmo. Será
que este valor de mensalidade, será suficiente para cobrir e/ou manter essa
estrutura?
Da mesma forma ocorre com as universidades públicas,
muitas vezes sucateadas, com laboratórios antigos, equipamentos quebrados e uma
gama de outros problemas que comprometem a prática do alunado junto aos
serviços. É importante que os governantes também invistam nas IES publicas,
assim como em pesquisas, profissionais e equipamentos de melhor qualidade para
viabilizar um melhor aprendizado aos acadêmicos.
Além das inúmeras faculdades que abrem por ano,
jogando no mercado de trabalho centenas de novos profissionais, outro item que
chama a atenção são os cursos que têm 20% da carga horária semipresencial,
tudo isso com autorização do MEC, por meio da Portaria 4.059, de 10-12-04. Porém fica a pergunta: É possível um profissional atender as
expectativas do mercado de trabalho tendo como base uma formação à distância?
Muitos alunos são iludidos com a idéia de uma
faculdade com custos baixos, aulas semipresenciais e curto tempo de duração do
curso, porém há um preço a se pagar posteriormente: a falta de experiência,
vivência e pouca aceitabilidade por parte do mercado de trabalho; tendo como
fim o inverso daquilo que foi planejado, fazendo do investimento um verdadeiro
desperdício de dinheiro e tempo, e tornando o recém-formado um profissional
ressentido e propenso a praticar a profissão de qualquer jeito, sem
preocupar-se com seus honorários e muitas vezes com as questões éticas
inerentes à mesma.
No curso de Fisioterapia, por exemplo, o aluno é
bombardeado por uma série de disciplinas, que abordam desde as fisiopatologias
das diversas doenças passando pelos exames diagnósticos até o tratamento
fisioterapêutico por meio de inúmeros métodos e técnicas específicas. Ao mesmo
tempo, é fundamental que este aluno já esteja familiarizado com a parte
prática, seja em atendimentos hospitalares, clinicas e/ou na comunidade, sendo
em formato de atividades supervisionadas pelos professores. Como aliar a teoria
à prática quando o curso é semipresencial e durante o turno da noite? Como formar
um profissional fisioterapeuta, que habitualmente mantêm uma relação de toque
com o paciente, nessas circunstâncias? Como investir em corpo docente
gabaritado e infraestrutura adequada quando se cobra mensalidade de trezentos
reais?
Todas as questões devem ser consideradas e
analisadas de maneira detalhada, levando em conta não apenas o custo da
mensalidade ou o tempo de curso, mas sim o que um curso de qualidade poderá
trazer de benefício para sua qualificação e o quanto ele poderá ser importante
no seu futuro como profissional e na melhoria da sua profissão, pois não
imagine que a profissão está nas mãos dos conselhos de classe ou entidades
representativas, a sua profissão está em suas mãos. Como já dissemos, a IES é
importante na formação do profissional, mas ela sozinha não é capaz de
construir um profissional brilhante, mas pode ser responsável por formar o pior
dos fisioterapeutas.
O que não é possível admitir é que usem a área da
saúde para enriquecer a custa de pessoas desesperadas à procura de um diploma
de ensino superior. O MEC poderia mudar as regras e possibilitar que os
conselhos de classe opinassem na aberta ou fechamento de cursos, assim,
existiria maior fiscalização e atenção a essa questão. Limitando que o mercado
de trabalho se tornasse mais saturado e com profissionais despreparados e
prontos para aceitar qualquer valor em troca do seu serviço, pondo um fim ao um
ciclo vicioso.
Especialista em Fisioterapia Hospitalar
Membro efetivo da Liga sem Dor de Curitiba
Membro efetivo da Liga sem Dor de Curitiba
Associado a Neurotrauma Brasil
Integrante da Neurorede (Rede Social Colaboratica de Neurociências)
Presidente da Sociedade de Fisioterapia Hospitalar
muito bom! parabens fabricio!!!
ResponderExcluir