Ultimamente
tenho presenciado diversas demonstrações de revolta por parte de muitos colegas
fisioterapeutas na tentativa de abrir os olhos dos Conselhos Federal e
Regionais, companheiros de classe, políticos/gestores e de toda sociedade para
barrar ou minimizar uma série de situações banais que corriqueiramente vêm
tomando conta da nossa profissão, denegrindo-a e desvalorizando-a perante todos.
E sabe quem
causa toda essa desmoralização da classe? Os próprios profissionais que se
submetem a valores irrisórios, que se passam de profissional de ensino superior
por meros técnicos, que “tratam” um paciente em 15 minutos com uma massagem que
chamam de Fisioterapia, que enganam, que iludem e que tornam o nome da minha
profissão um lixo na boca daqueles desavisados que se deparam com esse perfil
de profissional.
Muitos colegas
já afirmaram mudar de profissão, já se aceitaram como parte integrante da dura
estatística de “desempregados insatisfeitos prontos para seguir noutra carreira”.
Foi doloroso encontrar com uma colega que disse abertamente: “boa sorte para
vocês (recém-formados), eu já desisti, vou tentar Medicina!”. O que está
acontecendo com os nossos profissionais? Desiludidos ou incompetentes? Nenhuma
profissão desfruta de 100% de esplendor e logo a nossa Fisioterapia com seus
poucos (quase) 42 anos de regulamentação.
Lembra
daqueles que prostituem a profissão? Esses estão por aí em qualquer lugar,
fazendo “Fisioterapia” por qualquer trocado. Já não bastasse se encontrar no
fundo do poço, ainda tenta exterminar a nossa Fisioterapia com a qualidade
inerente aos quinze reais que eles recebem. No final de tudo, valorizo aquela
que resolveu abandonar a Fisioterapia e seguir na Medicina.
Os Conselhos
vêm com uma posição mais dura diante das várias impactantes situações encontradas.
Muitas novidades/modificações e adequações em resoluções visando barrar o
desenfreado (absurdo) fenômeno capitalista do: “pague menos e leve mais com
menos qualidade”, encontrados nos sites de compras coletivas e também com uma
nova resolução que está para ser aprovada acerca do valor mínimo para sessões
de Fisioterapia. Penso que de questões jurídicas os Conselhos estão se valendo,
mas na prática precisamos de mais evidências.
E volto ao
princípio: ultimamente tenho presenciado diversas demonstrações de revolta por
parte de muitos colegas fisioterapeutas. Sim, isso é maravilhoso! Fico muito
feliz em ver que a cada dia recebo inúmeras mensagens por email, redes sociais
e telefonemas com denúncias sobre as questões escandalosas já relatadas. É
disso que precisamos, denúncias!
Nós temos que
aprender a ser cooperativistas, precisamos prezar pela união e isso deve
começar pela denúncia; sejamos nós os fiscais mais ferrenhos em defesa da nossa
profissão; bem porque não adianta esperar apenas dos Conselhos, são poucos
fiscais e mesmo tendo um batalhão deles, poucas são as denúncias que chegam de
forma oficial. Sejamos nós os fiscais, sejamos nós dignos do nosso título, que
na verdade é muito mais do que isso, é um dom, e saibam que muitas vezes um dom
é como uma cruz que se carrega, uns à caminho do sacrifício, outros da
salvação.
Luan César Simões