Ela foi a última estudante a receber alta no hospital, dia 14 de junho, após a tragédia na escola Tasso da Silveira, em Realengo, zona norte do Rio de Janeiro, que ocorreu em 7 de abril. Foram quase dois meses e meio de internação no hospital estadual Adão Pereira Nunes com um período de coma induzido e 12 dias no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into). Hoje, depois de um mês e meio em casa, Thayane Tavares Monteiro, de 14 anos, anda de cadeira de rodas mas contraria a expectativa de muitos médicos de que não voltaria mais a andar.
Com intenso trabalho de fisioterapia, seis vezes por semana com profissionais no Into e com fisioterapia em casa, Thayane, que recém completou 14 anos dia 25 de julho, já consegue mexer os dedinhos do pé, e começa a ter algum movimento suave nas pernas. Ela afirma ter alguma sensibilidade em partes da perna.
“Quanto mais eu faço fisioterapia, mais evolução eu tenho. Faz umas três semanas numa fisioterapia que comecei a mexer os dedinhos. Na medida do possível eu estou bem. É ótimo estar em casa de novo, mas tem vezes que dá vontade de falar ‘ai desisto’. Parece que não vou conseguir andar nunca. Quando eu estou pra baixo, fico irritada, não quero falar com ninguém. Eu penso ‘ai que inferno a minha vida, queria morrer’”, desabafa Thayane.
O momento mais difícil para a adolescente que sonhava ser atleta foi saber que não sairia do hospital andando. “Eu não estava sentindo mais as minhas pernas. Os médicos fizeram uma tomografia e falaram que já era, não voltava mais. ‘Você não tem mais chance de voltar a andar’. Eu chorei tanto. Ele (o médico) disse que em cinco degraus, se eu subisse um seria muito”, disse ao UOL Notícias.
Mas a determinação e a vontade da adolescente de voltar a andar e retomar a sua rotina de ir a pé para a escola de manhã, frequentar o projeto de atletismo para crianças e adolescentes no Instituto Ideal Brasil em Sulacap, e iniciar o curso de inglês é o que tem motivado Thayane.
“Hoje foi a primeira vez que fiquei em pé. A sensação foi como se a qualquer momento eu fosse levantar e andar. Colocaram uma tala e me deixam em pé na prancha me segurando. Dói muito, é o peso do tronco na perna. Eu perdi toda a força na perna, dói o quadril, chorei muito hoje”, contou. Mas apesar do esforço e das dores, diz ter sido um momento especial.
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Fabíola Ortiz
Especial para o UOL Notícias
No Rio de Janeiro
Matéria retirada do site da UOL, dia 28/07/2011
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